segunda-feira, 19 de abril de 2010

Olhares

Um dia desses fui ao lugar que há algum tempo não visitara.
Naquela noite descobri um novo jeito de observar a vida;
Observei-a através dos olhares.

Quis imaginar e saber o que pensavam pessoas amigas que não via há algum tempo;
Comecei a encontrar diversos tipos de olhares.
Alguns expressavam surpresa em me ver feliz;
Alguns se mostravam tímidos e não sabiam o que me dizer;
Outros que nunca tinham visto os meus olhos vivos, fora de uma imagem;
Inquietaram-se com a ternura que verteu de mim.
Até mesmo um olhar que só me pediu para ser entendido.

Mas três olhares me desconcertaram...
Um olhar que estava ansioso para me ver e me procurou em meio a tantos outros,
Olhar que foi sensível a mim, como uma acácia a quebrar a frieza das cores um prédio na primavera, e quebrou meu coração;
Olhar que contemplou e entendeu os meus contrários.

Um segundo olhar que ficou tão feliz ao me encontrar em meio a tantos outros,
Que não se contentou em só brilhar e extravasou o que sentia num sublime sorriso;
Sorriso amigo, sem amarras, simples como o amor que não aprisiona.
Amigo que deixou saudades.

O último me falou dos meus limites quando me contemplou,
E transbordou sem cerimônias, lágrimas,
E sem medo nenhum, falou-me através delas que posso superar meus conflitos.
Que me amou através de um longo abraço, mesmo sem ser visto.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

De volta ao Jardim...


Passo as portas do Jardim e fico observando que ele precisa de alguns cuidados. Faz tempo que não observo os detalhes. Aprecio a brisa aconchegante que passa e paro em frente aos canteiros de rosas.
Vejo algumas roseiras que desabrocham os primeiros botões, fico surpresa com a delicadeza de cores e aromas que agora posso sentir. Arrependo-me de não ter voltado ao jardim antes... Bem...
De repente fixo meu olhar no local em que o Silva e eu tínhamos plantado duas roseiras e noto que elas não mais existem, morreram. Choro a dor da perda. Todo luto deve ser chorando quando preciso. Ouço o canto dos bem-te-vis.
A memória caprichosa traz a mente o dia que plantamos as roseiras, as alegrias de tê-las conosco. Era uma noite iluminada pela lua. Onde até as cigarras estavam afinadas. Noite propicia para plantar roseiras, para cultivar e criar expectativas, para sonhar. Nossos sorrisos foram o adubo no qual as plantamos, nossas esperanças regaram as pequenas mudas.
Sem palavras, dizíamos que ao sentir saudade um do outro, só era preciso está ali perto e sentir o suave perfume que exalaria daquelas futuras roseiras, tudo isso através da janela de nossas almas, pelos nossos olhos. Sentamos em seguida no banco e tocamos para elas, uma doce canção. E nem se tem tom certo para quem está amando, qualquer melodia, vira uma sinfonia que até Mozart quisera ter se não composto, pelo menos tocado. A sinfonia do Amor.
Ando devagar entre as árvores e observo que as copas apesar do tempo estão bem verdes. A amizade é bem resistente, ela consegue armazenar em si, águas de carinho que a nutri, enquanto houver ausência. Caminhando um pouco mais, vejo que os lírios parecem sorrir ao me ver Faz tempo que não presenciava e apreciava a brancura e maciez de suas pétalas, sensações que me fazem sorrir. Começa a anoitecer...
Os pássaros vão entoando seus últimos vocais, acordes suaves que acalmam meu coração. Ainda não entendo porque se deixa esta melodia para trás. Uma lágrima suavemente desliza sobre meu rosto, ainda não me acostumei a entender o silêncio como resposta. A ter a ausência como resposta...
O Jardim vai esfriando um pouco, o projetamos assim, para podermos andar abraçadinhos quando isso ocorresse. As primeiras estrelas estão lá, firmes no céu, no lugar onde as deixamos. Parece que às vezes as estrelas podem ser trocadas de lugar pelos apaixonados, só para dizer que é possível escrever o nome do amado com elas. Apenas, sonhos...
Sinto que já está na hora de ver as orquídeas, elas sempre me fazem bem. Rompendo minhas expectativas, elas estão lá intactas. Floresceram há muito tempo e quiseram não cair. Talvez elas quisessem me dizer algo, por isso ainda estavam lá. Quando as vi, por um instante pensei que pudesse abraçá-las, e senti uma brisa suave que brincava por todo jardim. Sorri e fitei-as.
Aos poucos, fui entendendo que elas não tinham desistido de cumprir suas funções, a sua existência é para trazer beleza ao Jardim. Discerni que eu também sou como elas, e posso prolongar o sentimento que quiser até o dia que queria experimentar novas sensações. Despeço – me delas. Já anoiteceu. Vou para junto do meu velho banco de lembranças e pego o violão. O silêncio invade o jardim, ele entende a riqueza do momento.
Descubro aos poucos que ainda posso tocar, mas preciso afinar o violão primeiro. Então junto os meus nobres sentimentos e vou conseguindo. Não sei se há perfeição nisto, mas há empenho e amor. Paro por um instante, preciso ouvir a melodia do meu coração. Toco um novo arranjo, ele é diferente de todos que já compus. Não sei como explicá-lo. Sua harmonia me acalma e posso mais uma vez sonhar.
Nesse momento vejo que não estou só, um pequeno beija-flor está sentado no encosto do banco, parece que ele gostou da melodia... Seus pequenos olhinhos me encantam. Continuo tocando para meu amigo, ele pousa no violão e fica me olhando, não digo mais nada. As palavras, neste momento, não expressam quase nada do que sinto. Sem uma expressão da alma estampada nos meus olhos elas se perdem...
Afaguei as suas belas plumas e retribui o olhar doce. Queria dizer-lhe que ao encontrar um beijar flor que habitara outrora nosso jardim, ele dissesse que desejo que seja feliz. Talvez, não mais neste jardim... Mas que ele encontre a melodia que o faça voar e pousar a cada dia num só jardim. E que a noite antes de dormir, o que ele mais deseje seja ouvir essa canção ou essa voz para embalar seus sonhos... E lá nosso nobre amigo, queira ficar para sempre.
Quem sabe lá ele possa plantar novas roseiras, cultivá-las com tanto amor, que elas passarão a ser eternas. Ao entardecer de cada dia, ele queira tão somente um banco e um violão para sonhar. E que os olhos que o observarem nesse momento, levem-no ao céu...
Tenho que sair agora... Sei que vou voltar. Ainda há muito para viver, para plantar, amar.  E Amor que é amor deixa saudades...




quarta-feira, 14 de abril de 2010

Se me permitissem...

Invadiria alguns corações e faria uma longa faxina.
Só tiraria os sentimentos que não fazem sorrir!
Lavá-lo-ia com a Alegria, secava-o com a Têmpera.
Lustrava-o com Sabedoria e colocaria tudo no lugar.

Pediria que as Lembranças não ficassem pulando no sofá,
Dar-lhes-ia um bom banho e com Carinho cantaria para elas dormirem.
Só, um pouco, para que eu pudesse assar uma torta cheia de Bons Sentimentos
Cujo cheiro invadiria a casa.

Aromas de tortas são cheiros de ESPERAnça e Amor.
Toda vez que cozinho, espero alguém para provar.
Geralmente, alguém que amo.

Acordaria as lembranças para partilhar comigo deste momento.
Pois, só a ESPERAnça e o Amor acalmam e entendem as lembranças.
Deixaria a janela aberta para que estes aromas invadissem a vizinhança;
E quem sabe alguém bateria a porta e pediria para entrar e ficar conosco.

Só vale a pena entrar em lugares onde há amor;
E só se tem direito a morar lá se permitirem.
Aqueles que amam verdadeiramente conseguem deixar a porta aberta.
E só quem é sagrado para nós consegue morar no coração.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Amar alguém!

Ei,pessoal!Vejam as palavras do sábio Padre Fábio de Melo!Excelente!


Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se.

Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer do outro uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança.

O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja.

Amar alguém é viver o exercício constante, de não querer fazer do outro o que a gente gostaria que ele fôsse. A experiência de amar e ser amado é acima de tudo a experiência do respeito.

Como está a nossa capacidade de amar? Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor. Amar por necessidade é querer sempre que o outro seja o que você quer. Amar por valor é amar o outro como ele é, quando ele não tem mais nada a oferecer, quando ele é um inútil e por isso você o ama tanto. Na hora em que forem embora as suas utilidades, você saberá o quanto é amado!

Tudo vai ser perdido, só espero que você não se perca. Enquanto você não se perder de si mesmo você será amado, pois o que você é significa muito mais do que você faz!

O convite da vida cristã é esse: que você possa ser mais do que você faz

sábado, 10 de abril de 2010

Sonhos de Goiabada


Só, o doce “Sonho” pode ser vendido. Nossos sonhos doces, jamais se perderão. É preciso dá créditos às pessoas. Mesmo que elas jamais possam retribuir os cuidados.
Alguns momentos não são esquecidos nem quando queremos ou tentamos apagá-los. A memória vai além. Ainda é lenta para entender que já não partilhamos aquelas vidas. Assim precisamos olhar o passado, como pretérito, não negá-lo.
Cada lágrima que molha nosso rosto tem por função balbuciar a canção vivenciada pela alma. Se a melodia vai ser alegre ou triste depende de você. Não vale a pena reclamar, espernear ou lamentar-se. Passou...
Temos que aprender com as mães que dizem para os filhos quando se machucam: - Passou! Passou! Você amou e pronto! Cumpriu sua parte!
Sabe o que é triste? É não ter coragem de olhar nos olhos, não deixar transparecer a alma. Não deixar-se ser amado, entendido. Não se fazer ou não querer ser compreendido.
Podemos até vender um topo de bolo, uma festa, uma decoração, forminhas de doce, fotografias... Entretanto, um coração, NÃO! Pelo menos nunca vi uma placa.
Temos o direito de não sonhar mais juntos. Porém, não temos o direito de querer vender os sonhos alheios. Estes são sagrados.
Os únicos sonhos que posso ter dúvidas são os da padaria, se quero de Goiabada? Ou Doce de Leite? Pois, Sonhos Reais precisam de verdade para amadurecer.
O problema é só um: - Quem realmente que viver a verdade? Quem quer amar de verdade? Todavia, continuo Sonhando...

Não desista do Amor !

Caros Amigos,
Neste tempo de dúvidas e incertezas que passamos.Não desistam!Principalmente,as meninas,por favor,não desistam de amar! Padre Fábio e seu Amigo Robinho(já no céu)nos presentearam com esta linda letra!



Eu sei que é difícil esperar
Mas Deus tem um tempo pra agir e pra curar
Só é preciso confiar

Se a cruz lhe pesa
Não é pra se entregar
mas pra se aprender amar
Como alguém que não desiste

A dor faz parte do cultivo desta fé
E só quem sabe o que se quer
Quem luta para conseguir ser feliz

Não desista do amor, não desista de amar
Não se entregue a dor porque ela um dia vai passar

Se a cruz lhe pesou e quer se entregar
Tal como Cirineu, Cristo vai lhe ajudar

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Se eu soubesse que era a última vez...

Aproveitaria o nascer do Sol de hoje da janela do meu quarto;
E mais tarde sorriria para Lua e cada Estrela.
Daria longas gargalhadas;
Não teria medo de dizer que Amo e sou Amada!

Sonharia e realizaria minhas mais singelas inspirações...
Tocaria as minhas melhores músicas para os amigos,
E perdoaria os que comigo tem conflito.
Talvez até viajasse para deixar saudades...
Mas voltaria rapidinho para não causar tristeza.

Sentiria o perfume de uma rosa,
Ouviria o canto de um pássaro;
Sentiria o cheiro do meu lençol de cama;
Ouviria as ondas do mar;
E sentiria uma brisa do entardecer na praia.
Só que de modo diferente....
Tudo com os olhos cerrados e os ouvidos bem abertos
Sentiria com a alma!

Ligaria só para dizer:
- Você é importante para mim!
E se fosse o último abraço,
Ouviria o pulsar do teu coração
Me dizendo: Também Te Amo!
Não sei se hoje é o último dia, portanto, vou cumprir rápido minha poesia!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Contrários


Em dias como hoje, de contrários, acordo desejando colo e não é qualquer colo, é colo de amigo, de melhor amigo. Só amigos entendem ou nem tentam entender o que passa no coração, eles amam. Eh, amigo! Os contrários de viver batem a minha porta. Buscar o novo a cada minuto e minuto já é contraditório por se só. Como sessenta segundos conseguem se juntar para formar um só minuto?
Lembro do meu colo predileto do meu amigo Deus, nada mais intrigante do que ser três e ao mesmo tempo um. Bem... Não precisamos entender tudo?! E falando em entender...
Porque quando acordo sempre tenho uma música na cabeça?Às vezes nem sei se ela está na cabeça mesmo, acredito que ela está é na alma. Nada mais singelo e invasivo que uma boa melodia. Ela consola quando necessário, faz rir quando preciso e até faz suspirar quando verdadeiramente se pode vivê-la. Contrários...
Como a noite pode diante de toda sua magnitude se render ao dia?Ela vai se desprendo de si mesma aos poucos, lentamente... Como uma mãe que vai deixando seus anseios de lado para cuidar de seus filhos. Mesmo que não receba nada por esse amor.
Como Deus que fica bem perto, quieto e amável ao nosso lado mesmo quando somos turbulentos? Segredos de um rei que se faz pequenino por nós. Segredo de quem ama. E lembrando amor... O amor é como um rio que deságua no mar, ele tem apenas uma missão chegar ao mar. E o quanto ele sofre até lá, cada pedra que não consegue ultrapassar, ele vai se multiplicando na brincadeira de fluir, ou afluir. Quando não dá para se multiplicar, ele rasga a terra e se torna profundo.
O amor é assim, dividido, e quando necessário intenso, mesmo que na superficialidade da vida não o vejamos mais, ele está lá, forte, violento, silencioso. Algo tão poderoso escondido, mistério de um Deus escondido num menino, num sorriso, num amigo, numa lágrima. Amor. Quão suave e terno é sentir-se amado, busca de todos ser amado. E o amor diz que é preciso amar para ser amado? Contrários...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sonhos

Sonhos

Já cai a tarde e o dia birrento tenta não se render aos encantos da noite. Com sua teimosia habitual nos deixa um maravilhoso e silencioso espetáculo. Vai se curvando as cores fortes e marcantes da noite, e ao mesmo tempo atenuando a frieza e a solidão que ela traz. E nessas horas começo a rezar para consolar o meu coração ou simplesmente para agradecer a riqueza de vivenciar este encontro de contrários de cada dia.

Nessas horas, lembro do Anjo, é assim que chamava o meu Silva. Tenho saudades dos seus olhos tão firmes e silenciosos, lembro bem da primeira vez que os vi, e mais ainda quando os pude ter bem perto, frente aos meus, ou melhor, dentro dos meus. Lembro do detalhe, da riqueza de detalhes que era tê-los dentro do meu coração. Lugar aconchegante para deixar tão lindos diamantes.

Quis por um momento sentir seu sorriso junto do meu coração. Ser feliz é poder vivenciar um amor dentro da alma. Ágape? Não sei se posso dizer isso. Mas, amor. E amor que é amor deixa saudades. Nessas tardes frias posso ainda ouvir o Silva falar de vida - amor. Ele falava de amor da maneira mais difícil de esquecer, entrelaçando os dedos sobre as cordas de um violão. Era delicado, suave e apaixonante. É como uma xícara de chocolate quente num dia frio. Onde a doçura vai envolvendo o paladar a cada gole vagaroso, saboroso e quando esta termina ,ficam os lábios inertes a suavidade do gosto,contudo, não tem coragem de pedir mais nada, além de um sorriso. Sua melodia por vezes, sem voz, tocava o coração.

E coração que ama é diferenciado... Sonha, chora e ri em frações de segundos por um verso ou uma prosa. Eu quis ter este amor para sempre. Acreditei em cada abraço e cada sussurro da alma ao dizer: - Eu te amo. Só a alma pode sussurrar amor, só ela pode cristalizá-lo ou quebrá-lo. Pois é ela que o sente.

As tardes passam devagar... Ainda sinto o soar da campainha da casa como um sino que alegrava meu coração ao saber que o Silva chegara. Seu sorriso, misto de verdade e mistério me fazia feliz, me fazia sonhar. Era como uma rosa ansiosa para deixar de ser botão e exalar o mais terno e suave perfume ao vê-lo. Queria ser rosa, não qualquer rosa. Aquelas que são frágeis e duram muito pouco, cujas pétalas exprimem um aroma intenso e marcante. E eu fui rosa, quando pude exprimir diante dele minhas pétalas cheirosas, que pouco a pouco se deixavam ser tocadas pelas suavidades dos acordes de suas mais ternas melodias.

Aprendemos a partilhar vida, e vida partilhada, é vida amada. Aprendemos então a amar. Um com o outro. Cúmplices na vida e para a vida. A vida tornou-se como um jardim, onde podíamos experienciar o toque suave do vento nas copas verdes de nossa amizade, observar o trabalho santificante das abelhas em busca do néctar, que para nós se tornara o brilho do olhar do outro, do nosso olhar. O crescimento da grama de nossos sonhos e conquistas era a deliciosa fragrância da presença do amor em nossos corações.

Às vezes foi preciso tolher, mas o Silva era suave até nesses momentos e toda poda bem feita traz crescimento e geralmente, quase sempre, muitos frutos. A primavera estava próxima e alguns ventos fortes nos levaram para longe do nosso jardim. Esta ventania chamada distância fecundou a solidão em nossos canteiros. E de repente, o nós deixou de existir.

Sabe, às vezes penso que se eu pudesse sussurrar nossa canção o Silva aparecerá no jardim, e sorriremos, e num abraço terno e infinito poremos fim as nossas saudades. Talvez nossas rosas fossem na verdade orquídeas frágeis e que florescem uma vez a cada ano-vida.

Bem, só sei que o violão está aqui, junto ao velho banco no qual cultivávamos nossas mudas de felicidade. Ele não tem a mesma afinação, o Silva esqueceu-me de dizer como afinava, penso que era nosso amor que o afinava. Não sei... Agora, olho as tardes que passam devagar ao lado dele.

Ouço o barulho do nosso velho caderno de anotações de vida caindo de minhas mãos. E acordo na rede. Ainda é tarde e já primavera, os pássaros cantam... Mas, cadê o Silva? Será que ele era sonho ou beija-flor? Apenas sei que ainda há amor.